11 dezembro, 2010

O CÁLICE AMARGO DA DITADURA MILITAR

Quando Chico Buarque e Gilberto Gil escreveram a música Cálice, o Brasil vivia um período conturbado em sua história contemporânea. A ditadura militar oprimia o livre pensamento e punia com rigor aqueles que não seguissem à risca o que era determinado pelo governo ditatorial imposto no Golpe de 1964.

A imprensa, por meio dos jornais, tinha suas matérias monitoradas dentro das redações por um militar chamado “sensor”, que previamente decidia o que ser ou não publicado; obviamente assuntos que criticavam o regime eram imediatamente vetados. As editorias mais rebeldes publicavam receitas de bolo no espaço antes reservado para a matéria censurada. Dessa forma conseguiam transmitir sua insatisfação com sarcasmo, despertando no leitor senso crítico e ganhando aliados na luta contra a ditadura militar.

Entre os artistas não era diferente. Buarque e Gil representam dois exemplos dos inúmeros manifestos feitos por intelectuais da música contra a ditadura. Era comum que compositores de músicas constantemente vetadas pela censura fossem perseguidos e, em alguns casos, forçados ao exílio. Foi o que aconteceu a Gil e ao seu conterrâneo Caetano Veloso.

Artistas mobilizados contra a ditadura (Arquivo)

A edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5) pelo governo militar, em dezembro de 1968, cerceou uma série de liberdades individuais. Caetano e Gil são presos em São Paulo, sob o pretexto de terem desrespeitado o hino nacional e a bandeira brasileira. São encaminhados para o quartel do Exército de Marechal Deodoro, no Rio de Janeiro, onde têm suas cabeças raspadas. Numa Quarta-feira de Cinzas, em Fevereiro de 1969, Caetano e Gil são soltos e seguem para Salvador. Na capital baiana são obrigados a se manter confinados, proibidos de aparecer em público nem dar declarações ou entrevistas. Meses depois, em julho de 1969, após dois shows de despedida, no teatro Castro Alves, em Salvador, Caetano e Gil partem com suas mulheres, respectivamente as irmãs Sandra e Dedé Gadelha, para o exílio na Inglaterra.

A música Cálice foi escrita dentro dessa atmosfera de perseguição à liberdade de expressão, só restando aos compositores da época encontrar maneiras de passar suas mensagens nas entrelinhas, sem despertar o interesse das autoridades militares. A ambigüidade da palavra “cálice” refere-se ao calar-se imposto pelo regime, mas também da “bebida amarga” dentro desse cálice, que era digerida sem reclamações. Quando os autores se referem a “abrir a porta”, se manifestam contra a truculência dos militares, que costumavam invadir apartamentos em busca dos “aparelhos” - grupos de estudantes que se articulavam com finalidade de combater o governo militar – a letra ainda diz: “quero cheirar fumaça de óleo diesel”, este trecho faz alusão às torturas comuns à época, que consistia em ligar um veiculo numa garagem fechada e deixar o preso deitado junto ao escapamento a sufocar-se com o monóxido de carbono até que confessasse supostos crimes.



A ditadura foi uma época onde o direito à livre expressão era vedado sem a possibilidade de questionamento e fez inúmeras vítimas. Muitos que ousaram falar não foram encontrados até os dias atuais pela família.

Talvez Buarque, Gil, Caetano e tantos outros não estivessem entre nós hoje se não fosse suas capacidades de driblar através da música os cães dos generais dentro das redações e gravadoras. As letras inteligentes e cheias de significados, só podiam ser codificadas por aqueles que detinham mentes libertárias, deficiência genética dos marajás fardados.

19 outubro, 2010

BIODVERSIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SÂO DEBATIDOS NA UFBA

Cientistas, jornalistas, movimentos sociais e estudantes aprofundam o olhar sobre biodiversidade e desenvolvimento sustentavel na Facom


Aprofundar de forma crítica, transversal e detalhada, por meio da participação de especialistas renomados com o tratamento e observação do cotidiano, é o que a coordenação do curso de Jornalismo Cientifico e Tecnológico da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom / Ufba) promove com o Seminário Desenvolvimento Sustentável e Biodiversidade - Ciência, Tecnologia e Mídia, no Campus Ondina (Auditório da Facom), nos dias 21 e 22 de outubro, das 19h às 22h.

Bastante difundido nos dias atuais e utilizado como estratégia no chamado “marketing verde”, o termo, Desenvolvimento Sustentável, ainda não é tão entendido quanto “marketeado”. Dessa forma, o evento, que faz parte da programação oficial da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia - acontece em todo o país entre os dias 18 a 22 de outubro - foi concebido para favorecer a formação dos divulgadores científicos que se interessam por questões ambientais na Bahia.

Com programação rica, diversa e provocativa, o seminário conta com trabalhos apresentados, por nomes renomados, como o da doutora em saúde pública, Cilene Victor, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico e diretora de redação da revista Comciência Ambiental; a jornalista Vanja Joice Bispo Santos, do Museu Paraense Emílio Goeldi; a jornalista Maiza Andrade, editora de Meio Ambiente do Jornal A Tarde; o pesquisador Philip Martin Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); a professora e pesquisadora Maria Rejane Lira, do Instituto de Biologia da UFBA; o engenheiro florestal, Luís Zarref Henrique Gomes Moura, representante de Movimentos Sociais.

Além dos debates, haverá uma oficina e uma exposição fotojornalística sobre temas ambientais realizada pelo Movimentos Amigos do Meio Ambiente - AMA e da Rede de Articulação e Mobilização em Comunicação Ambiental - Rama.

O evento, que é patrocinado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - Fapesb, tem inscrições gratuitas, e podem ser feitas pelo e-mail: jorncientec@gmail.com, informando apenas o nome, RG, profissão e instituição, ou no local, entre 18 e 19h, com direito a certificado de participação.

A coordenadora do curso de Jornalismo Cientifico e Tecnológico da Facom, professora Simone Bortoliero, considera o evento uma rara oportunidade para se discutir o valor da informação científica e o papel do jornalista frente à necessidade de democratização e divulgação da informação como instrumento de poder político para as mudanças em pauta.

São parceiros do encontro: Fiocruz – Ba; FTC – Salvador; Pós Graduação em Cultura e Sociedade da UFBA; Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, Associação Brasileira de Jornalismo Cientifico e a Faculdade de Comunicação da UFBA.
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08 outubro, 2010

COBERTURA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA BAHIA É TEMA DO I SEMINÁRIO DE JORNALISMO CIENTÍFICO

Debater o direcionamento dado à cobertura de ciência e tecnologia na Bahia é tema do I Seminário de Jornalismo Científico, que será realizado no sábado, dia 16 de outubro, no Fiesta Convention Center. O evento, que é uma prévia da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Bahia, abordará formas e motivos para cobrir a pauta ligada ao assunto no estado.

O encontro tem como palestrante principal o jornalista Wilson da Costa Bueno, que é doutor em Comunicação e professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo – Umesp, além de editor de sete sites temáticos em Comunicação. Ainda são previstos um almoço no próprio hotel e uma aula-show com a Família Macedo e professor Marival Chaves.

Inscrições - As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e inovação: www.secti.ba.gov.br.

Programação:

-8h30 Café de boas vindas

- 9h Abertura
Feliciano Tavares Monteiro
secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia
Tema: Políticas de CT&I – rumos e prioridades

Vinícius Teixeira
superintendente de Tecnologia para a Competitividade – Secti
Tema: Parque Tecnológico – novo momento para a Bahia

Liliane Queiroz
coordenadora do núcleo de pesquisa aplicada do Senai/Cimatec
Tema: Os resultados do investimento em carreiras tecnológicas – a experiência do Cimatec

Paulo Almeida
Instituto de Ciências da Saúde (ICS) – UFBA
Tema: Biotecnologia e pesquisa em Saúde – principais diferenças

-10h Aula
Wilson Bueno
Tema: Como e por que cobrir ciência e tecnologia

-13h Encerramento – Almoço no próprio hotel e aula-show
Professor Marival e Família Macedo


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30 agosto, 2010

CICLO DE PALESTRAS DISCUTE SOLUÇÕES PARA A MATA ATLÂNTICA


Novo Código Florestal, licenciamento florestal, situação da Mata Atlântica na Avenida Paralela e gestão ambiental na Bahia, serão os temas debatidos durante o Ciclo de Palestras Ambientais, que acontece no auditório Leopoldo Amaral, na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia – Ufba (Federação), no dia 1º de setembro às 14h.

Para debater os temas estarão presentes o coordenador do Núcleo Mata Atlântica – Numa, Sérgio Mendes, que aborda o Novo Código Florestal Brasileiro; a bióloga do Instituto do Meio Ambiente – IMA, Margareth Maia, com dois temas: Estratégias Sucessionais da Mata Atlântica na Paralela e Projeto Corredores Ecológicos; o engenheiro agrônomo da Secretaria do Meio Ambiente – Sema, Ruy Muricy, que explica o Licenciamento Florestal, e a economista e doutora em Ciências Políticas, Bete Wagner, que traz a experiência obtida como diretora Geral do IMA, no debate sobre Gestão Ambiental na Bahia.

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17 julho, 2010

FINANÇAS E PLANEJAMENTO PESSOAL

Dinastia Soluções Financeiras realiza curso em parceria com Corecon-DF

Com o objetivo de levar segurança e independência financeira, bem como oportunidade de renda extra aos cidadãos de Brasília, foi ministrado no mês de junho o curso de Finanças Pessoais – Planejamento Financeiro Pessoal, realizado pela Dinastia Soluções Financeiras e o Conselho Regional de Economia de Brasília – Corecon-DF.

Durante o treinamento, estiveram reunidos contadores, economistas, administradores, advogados e interessados em obter informações restritas sobre: finanças pessoais, educação financeira, receita e despesa, fundos de aposentadoria PGBL VGBL, taxas de juros, entre outras. O evento aconteceu no Espaço do Economista, na Capital Federal, que recebeu durante cinco dias as palestras do economista e contador Victor Hohl, que é membro orientador do Instituto Nacional de Investidores – INI e ex-funcionário do Banco Central do Brasil - Bacen.

Dinastia - É uma empresa que iniciou o seu trabalho em Julho de 1995, com o objetivo de desenvolver um sistema de marketing de rede diferente no Brasil, especialmente porque naquele período, todos os sistemas existentes se destinavam à aquisição de produtos, não existindo sistemas de marketing voltados para o mercado de serviços financeiros.

A empresa enfrentou as dificuldades normais de qualquer projeto pioneiro até o ano de 1999, quando foi criada a empresa Delta Red Marketing Ltda, passando a utilizar o nome fantasia Dinastia.

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03 julho, 2010

BETE WAGNER PRESTIGIA 2 DE JULHO E CONSOLIDA APOIO POPULAR

Dia de jogo do Brasil na Copa, de chuva, mas também dia da Bahia. Apesar da série de acontecimentos, que poderiam servir de pretexto para um baixo público nas comemorações do 2 de Julho, os baianos estiveram mais uma vez presentes para comemorar a data máxima do estado. Entre os cidadãos, Bete Wagner, que conseguiu ao longo do trajeto, entre a Lapinha e a Praça Municipal, agregar homens, mulheres, crianças e idosos à marcha por uma Bahia de mulheres mais atuantes, como fizera a grande heroína Maria Quitéria na luta pela independência da Bahia há 187 anos.

Com o Lema: “Mulher Sempre Presente Viva a Maria Quitéria”, a candidata à deputada estadual pelo Partido Verde distribuiu fitinhas com as cores que representam a campanha, o verde e rosa e ao lado de colaboradores e simpatizantes pôde concluir a sua caminhada. A jornada inicia oficialmente dia 3, mas foi nesse 2 de julho que o primeiro passo foi dado, uma vez que a aceitação popular na manifestação pública mais autêntica da Bahia se fez presente.

14 maio, 2010

A PONTE QUE FALTAVA NO FOSSO CRIADO POR DESCARTES: A SUBJETIVIDADE

Verificação como validação da ciência foi mal interpretada por cientistas


No Discurso sobre o Método, Rene Descartes procurou combater a justificativa católica da Escolásticagrupo de disciplinas que predominou na Europa da Idade Média entre os Séculos
IX e XVI. Descartes buscou
separar a ciência, naquela época atrelada à religião e acabou criando sem se dar conta, um fosso enorme que separou as ciencias exatas e sociais. Sua teoria propos “iluminar” as mentes obscuras da época; daí o nome Iluminismo. O período marcou o fim da Idade Média e o começo da Moderna. Naquela época, muitos historiadores classificaram a Idade Medieval como a mais escura de todos os tempos, inclusive no que dizia respeito às opiniões divergentes aos preceitos cristãos. "Não encontramos nenhuma coisa sobre a qual não se dispute, só as matemáticas demonstram o que afirmam.” (Discurso do Método, 2009). Pensamento limitado o de observar a ciência com uma visão única de mundo, excluindo ideologias e reforçando somente uma teoria como verdadeira.

Todas as ciências são ciência

René Descartes não teve a intenção de minimizar a importância das ciências consideradas sociais como filosofia, sociologia, teologia, entre outras, devido às idéias lançadas na criação do Discurso
sobre o Método no Século XVI. A importância da verificação sugerida pelo pensador francês foi oportuna para a época, quando o curandeirismo e a magia eram sinônimos de charlatanismo. O propósito serviu para que cientistas da Física, Matemática e da Biologia promovessem as suas ciências à categoria de única verificadora de tudo que levantasse dúvida no planeta. Sendo assim, esses cientistas se beneficiariam mais tarde, apesar de Descartes não tirar a validade da literatura, as artes e a filosofia e sim citar em seu Discurso como uma de suas referências em seu estudo. O modelo que é ensinado até os dias atuais nas escolas do mundo, constitui-se por um

sistema de verificação exaustiva, o qual valida tudo que pudesse ser aplicado, ou seja, capaz de funcionar em um modelo de falhas e acertos dentro do esperado pelo cientista.

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07 abril, 2010

PARABÉNS AOS REAIS DEFENSORES DO POVO

Desde que Gutemberg inventou a prensa, daí o nome Imprensa, o jornalista, seu principal operário, vive dias de lutas e protestos. Seja em nome da liberdade de imprensa – com ética e responsabilidade - seja em nome da classe, quando busca melhores condições de trabalho e remuneração digna.

Após o Golpe de 1964, várias profissões práticas exercidas por profissionais sem o diploma de nível superior, como os rábulas (fazia o papel do advogado), práticos em odontologia e até parteiras foram proibidas. A exigência do diploma de jornalista veio em 1969, por meio de um decreto do então regime militar.

A regulamentação para os profissionais do Direito veio ainda na década de 60. Apesar de o corpo jurista ter suas reivindicações atendidas nessa época e de certa forma, compartilhar os mesmos interesses que a classe jornalista: o de regulamentar suas profissões, um “gênio” do Direito resolve passar uma borracha em toda a história de luta para as profissões com diplomas exigidos pós 64.
Mas ao invés do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, punir a todos, ele escolheu os jornalistas como bode expiatório e decretou, através da votação de nove ministros do Supremo, a não obrigatoriedade da exigência do diploma no exercício da profissão em veículos de comunicação.

Apesar de a data de hoje ser de comemoração, a labuta do jornalista é de protesto. É mais um dia para o real defensor público, sem ser bacharel em Direito. Mas e o diploma? Este não foi preciso para uma classe que detém a confiança das pessoas que, sem pesquisa de opinião, se tornou uma das profissões mais respeitadas do mundo, apesar de alguns profissionais insistirem em manchar a seus representantes quando põem a ética – princípio máximo da categoria - de lado em troca de um punhado de moedas, jantares e influência.

O vídeo abaixo representa um pouco a indignação de futuros profissionais de jornalismo, atualmente recém formados pela Faculdade da Cidade do Salvador. Eles não se deixaram abater pelo acontecido e continuam acreditando que, independentemente do diploma, continuarão jornalistas e militantes em prol da exigência do canudo.

Parabéns a todos os parceiros de profissão!


03 abril, 2010

“FREE LANCER?” É O CACETE! VOCÊ É BISCATE MESMO!


Que mania de gringo essa dos nossos colegas de comunicação que, depois de receber um chute na bunda da empresa a qual era efetivo e fudido, ir aumentar a fila do desemprego por aí, achar de se classificar como “free lancer”, só para amenizar a sua condição de fazedor de biscate; "biscateiro".

Infelizmente, nenhum profissional está livre do processo de enxugamento que vivem as redações e assessorias de comunicação, mas, do fundo do meu mal querer, vibro quando isso acontece com o pró-ativo da empresa; o prestimoso, que acha que se fizer o serviço de três irá o sobreviver a cortes na empresa. Coitado! É um dos primeiros que pulam fora.

Frustrado, e ainda sonhando em ser readmitido, volta de tempos em tempos à firma fingindo ir rever os colegas. Aí vem todo aquele papo de incentivo e consideração pelo companheiro mandado embora por quem ainda não foi despedido:

-Oi fulano, como está? O que anda fazendo? E o novo emprego? Já encaminhado?

Para ficar por cima da “carne seca”, o “chutador de latas” responde:

-É, to com alguns contatos aí, mas não vou querer. Tô de saco cheio disso tudo; bater cartão, entrar e sair no horário estipulado pelo chefe. Agora trabalho pra mim, tô fazendo uns “freelas” aí.

Tomar no c... com esse termos gringos. Para ser mais claro, e poder dar uma iluminada na cabeça sebosa desse povo, essas pessoas acham que fazer biscate é ser free lancer, a exemplo do fotógrafo, esse sim free lancer, Peter Parker, dos quadrinhos da Marvel.

Na condição de Homem-Aranha, alter ego de Parker, ele ganha a vida fazendo fotos de suas ações contra os bandidos. Depois as vende ao “pão duro” do J. Jonah Jameson, editor do Clarim Diário, jornal que na ficção está situado na ilha de Manhattan, em Nova Iorque.

Ao contrário de Parker, o nosso free lancer brasileiro não ganha $ 300 por fotografia, nem por meia dúzia delas. O biscateiro nacional tem mais é que se contentar com R$ 50 reais por dia, e olhe lá se tirar isso.

A saída não é outra: buscar empreender, e com boas idéias, suas e de amigos, com especialidades distintas, abrir uma empresa, o que muito poucos de nós jornalista sabemos fazer.

Mas não ha outra alternativa nesse mercado cada vez mais cruel, competitivo e que valoriza a mão de obra barata, que muitas vezes está associada à mão de obra pouco competente.

É isso ou o candidato à “profissional liberal”, que de liberal só tem o fato de estar liberado de pagar as contas - e por isso vir a ser convidado a fazer parte do clube SPC/Serasa - tome rumo, cate o que ainda lhe resta de FGTS, e corra para a “Ilha do Rato” para garantir sua Ford Pampa, modelo 1989. Quem sabe assim não dá pra ganhar algo melhor fazendo “frete” na frente da feira de São Joaquim, porque tá fácil não...